O que é luxação acromioclavicular?

Inicialmente vamos definir a luxação acromioclaviular como a perda de contato entre o osso do escapula (acrômio) com a clavícula.

A luxação acromioclavicular ocorre quando uma força (trauma) vence as barreiras normais da anatomia da articulação acromioclavicular, sendo tais, os ligamentos coracoclaviculares, acromioclavicular e fáscia deltotrapezoidal.

Quais exames de imagens deve ser solicitados?

Após o episódio da luxação acromioclavicular deve ser realizado radiografias do ombro para avaliar a direção da luxação, avaliar se houve fraturas associadas.

É importante a realização de técnicas radiográficas específicas para obter o maior número de informações da luxação acromioclavicular.

A indicação de ressonância magnética e tomografia computadorizada do ombro fica reservado aos casos que o médico especialista do ombro suspeita de lesões concomitante no ombro.

Quais os tipos de luxação, quais as diferenças?

A luxação acromioclavicular pode ser classificada em seis subtipos, conforme a gravidade dos ligamentos rompidos. Nos tipos I, II, III e V ocorre uma ‘elevação’ da clavícula, no tipo IV ocorre uma posteorização da clavícula e no tipo VI ocorre um desvio inferior da clavícula (situação mais rara de ocorrer).

DC-Joint-Classification

As principais diferenças entre os subtipos:

1 – Distensão dos ligamentos acrômio-claviculares;

2 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares;

3 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares, e deslocamento superior da clavícula em até 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide – comparativo com o ombro do outro lado;

4 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares , e deslocamento posterior da clavícula;

5 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares, e deslocamento superior da clavícula maior que 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide – comparativo com o ombro do outro lado;

6 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares, e deslocamento inferior da clavícula.

O que ocorre após a luxação acromioclavicular?

Diferente das luxações do ombro, cotovelo, joelho, quadril e tornozelo na luxação acromioclavicular não  é possível reduzir a luxação através de manobras médicas, sem cirurgia. Após o atendimento médico o paciente observará que há um abaulamento maior no ombro que sofreu o trauma, mais especificamente na parte superior do ombro que corresponde a articulação acromioclavicular. Isso é o reflexo dos ligamentos rompidos que funcionavam como um cabo de força que mantida a simetria na parte superior dos ombros.

Na luxaçao acromioclavicular do tipo I e II é provável que os ligamentos rompidos ou estirados cicatrizem e o paciente não sinta mais dor, não tenha perda de força ou assimetria entre os ombros. Enquanto nos outros tipos para restabelecer a articulação acromioclavicular se faz necessário cirurgia.

Quais são as complicações e consequências da luxação do acromiclavicuar?

As complicações possíveis para os casos mais simples de luxação são a persistência de dor após o período de tratamento conservador, perda de força do ombro afetado, osteólise da clavícula e artrose da articulação acromioclavicular. Relembrando que essas complicações podem ocorrer, mas a tendência maior é que não ocorra.

Nos pacientes que são submetidos as cirurgias o índice de bons resultados são elevados, no entanto deve enfatizar que assim como qualquer cirurgia corre-se os riscos inerentes ao procedimento cirúrgico assim como re-luxação por falha do material de síntese, ou osteólise do local de implante do material.

Qual é o tratamento da luxação acromioclavicular ?

Para os casos tipos I e II o tratamento ideal é o uso da tipóia por 2 a 6 semanas, com inicio da amplitude de movimento do ombro a partir da segunda semana e uso de analgésicos e antinflamatórios.

O caso que merece bastante atenção e avaliação com seu médico especialista em cirurgia do ombro é o tipo III, pois dependendo do perfil do paciente pode ser bem indicado tratamento conservador com uso de tipóia, assim como o tratamento cirúrgico (idade, atividade professional, atividade física, lado dominante e estética).

Os demais tipos de luxação acromioclavicular (IV, V e VI) está indicado tratamento cirúrgico, com variação apenas do tipo de técnica cirúrgica a ser empregada.  Há na literatura aproximadamente 40 tipos de técnicas cirúrgicas, que variam desde uso de redução acrômio-clavicular e fixação no processo coracóide com amarilha ou parafuso, fixação acrômio-clavicular com fios de Kirschner, tranferências tendinosas e transferências ligamentares, ressecção da extremidade distal da clavícula com a transferência do ligamento córaco-acromial.

Como é a reabilitação do ombro para a luxação acromioclavicular ?

A reabilitação, realizada tradicionalmente através de fisioterapia, tem diversos objetivos. Nas sessões iniciais começam com crioterapia visando diminuir o processo inflamatório, associado o ganho de amplitude de movimentos do ombro e semanas posteriores fica indicado o fortalecimento muscular, com especial atenção aos músculos que formam a cintura escapular.

A reabilitação pode ser necessária durante um ou dois meses. Depois dessa fase, o paciente precisa continuar o fortalecimento muscular – com um treinamento domiciliar ou em academia, mas sempre com muita atenção para evitar movimentos que podem causar a luxação ou subluxação.